Um belo dia, ela chega e bate a sua porta
Suavemente bate uma vez e aguarda.Bate pela segunda, pela terceira vez...
Desconfiada você olha pela fresta da janela e pergunta:
-Quem é?
Como num sussurro ouve a resposta:
-Sou eu! A Felicidade!
Olha para os lados, depois se olha no espelho e tenta melhorar as aparências. Enquanto se arruma, responde com a respiração ofegante:
-Aguarde um momentinho,eu já vou abrir...
Com o coração acelerado, passos apressados, pensamentos embaralhados, você, ainda que com receios, abre a porta e a convida para entrar.
Prontamente ela, a Felicidade, adentra na sua vida.
Contudo, seu estado afoito o faz esquecer de recebê-la com a honradez necessária para que, permaneça por um pouco mais de tempo.
Quase sempre é assim que acontece, o anfitrião imprudente, leviano, esquece que a tal Felicidade está sempre de passagem.
Uma visita aguardada há tempos.
Dia a pós dia, e uma única esperança:
" A hora que a Felicidade chegar"
Quando enfim ela chega, deveria ser recebida com uma hospedagem especial, com as devidas gentilezas, seriedade, total atenção, prolongando assim o tempo de permanência.
Entretanto, quase sempre é com impaciência, estupidez, descortesia que ela é recebida, e nestes casos a visita é sempre breve.
Quem espera muito pela felicidade, não tem consciência dos erros que comete quando a mesma chega.
Um dos erros está em acreditar que ela chega para não mais ir embora, e assim pode ser tratada de qualquer jeito.
Outro grande erro cometido, é acreditar que aproveitar a permanência da Felicidade deve ser com moderação. Como se poupando a também estenderia o prazo de permanência e quem sabe fazendo a ficar para sempre.
Quer ter a honra de receber a Felicidade?
Desfrute dela com intensidade, não importa o tempo que durar.
Não esqueça que nobre como ela é, corresponderá ao tratamento equivalente o modo com que for tratada entretanto, qualquer dia sem avisar, ela vai embora deixando apenas a promessa que num outro momento há de voltar mas, certamente jamais irá prometer que voltará para nunca mais partir.
Mara Mello