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MARA MELLO

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um amor que não foi para sempre...


Históriapor Mara Mello » 24 Out 2010, 11:03
Aprendi que o amor seria para a vida toda. Somente a morte poderia separar um casal que foi unido pelo amor ou, como dizem:"O que Deus uniu o homem não separa."Então o amor seria eterno.Acreditei e cresci me preparando para viver esse amor, conheci, namorei e casei com um alguém que também cria nessa ilusão e assim fizemos a promessa de um amor para toda a vida, até que a morte nos separasse.Com o entusiasmo de quem estava amando,acreditei que o amaria além da morte, já que foquei minha vida exclusivamente nessa união.
Foi um casamento perfeito, com muito carinho, atenção, paixão, discussão e compreensão nas difereças. Enfim, eu estava realizada e ele também, além das atitudes de amor, expressava no olhar um brilho da pureza do que sentia.
Nossa união era forte, saudavel, apesar dos probleminhas corriqueiros que atravessamos, superamos todos com a dedicação dos dois sempre unidos.
Tivemos então uma linda filha que só completou a nossa felicidade!
Meu marido e minha filha prenchiam meu coração e minha vida; eu não desejava sentir nada melhor,já tinha conhecido o amor, e esse era o melhor sentimento que poderia ter sentido. A minha felicidade era escutar o portão se abrir, ele entrar com o carro acabando de chegar do trabalho, meu coração disparava e meu sorriso era espontâneo, o meu amor havia chegado. 
Passaram-se sete anos e eu adoeci, precisei começar o tratamento de hemodiálise por três dias na semana.Tive o apoio de toda a família e amigos, mas o carinho e cuidados do meu marido e da nossa filha foi o mais bonito e, por eles eu lutei.Sabia que era uma doença crônica, estava muito debilitada no início, mas encontrava neles a força que eu precisava.
Começamos a ter problemas financeiros, com o meu problema de saúde eu não podia ainda trabalhar, então meu marido passou a realizar trabalhos extras nos horários de folga. Muitas coisas começaram a mudar... 
O tempo foi passando e eu fui me adaptando ao tratamento e procurando viver o melhor possível, comecei a perceber que algo estava mudando no olhar e nas atitudes do meu marido comigo e nossa filha.
Estava cada vez mais ausente,trabalhando em todos dias da semana e chegando sempre muito tarde, inclusive nas férias, e não adiantava reclamar sua ausência,pois ele sempre se fazia de vítima e dizia que não saber o que estava acontecendo, que trabalhava muito sem descanço e o dinheiro mal dava para suprir nossas necessidades e que eu devia ser agradecida por ter um marido como ele,que só vivia para o trabalho e para a família. Eu me sentia culpada por mostrar incompreensão, passei a cuidar melhor dele nos poucos momentos que restavam para ficarmos juntos. Passei então a enfrentar todos meus problemas sozinha,que as vezes se agravavam muito como a educação da nossa filha e outras coisas que normalmente fazia junto com ele.
As desconfianças aumentaram quando o olhar dele ficou definitivamente frio, procurava motivos sem explicação para iniciar discussão, se estava em casa só reclamava de canseira e dormia o tempo todo, não conversava mais com entusiasmo e sem mostrar nenhum interesse no que acontecia em casa comigo e nossa filha, as vezes falava como se eu tivesse obrigação de ser agradecida e outras vezes me tratava como uma mãe.
Eu não tinha dúvidas que o amor estava ausente, mas não queria acreditar que tinha acabado,e por muitas vezes tentei entender o que estava acontecendo e o que eu poderia melhorar para não deixar morrer o que eu tinha de mais bonito,a minha família e o amor que havia entre nós.
Dois anos se passaram; ele então começou a dizer que era coisa da minha cabeça mesmo com muitas evidências,até que um dia eu disse que iria marcar consulta com um psicólogo para nós dois, pois queria me livrar dessa neurose, disse-lhe isto pra ver a reação dele e a única coisa que ele me disse foi que eu não estava ficando doida, parecia que estava pronto para dizer a verdade mas exitou.
Certa noite ele chegou, colocou a bolsa dele em um dos quartos da casa e foi tomar banho,eu tive uma intuição muito forte do que tinha acontecido mais não quis tocar no assunto, pra não ser cansativa então fingi que não notei nada, só fiquei observando.
Como era de costume,sempre fazia café da manhã e levava para ele na cama e assim ficavamos, como todas as manhãs, ali namorando ou só conversando,mas sempre aproveitando esse tempo pra curtirmos um pouco um ao outro.Mais nesse dia algo que eu não esperava aconteceu,escutei uma música que vinha da bolsa dele e achei engraçado, acreditando ser o radinho que há muito estava sem pilha,peguei a bolsa e levei para mostrar a ele que estava tocando sozinho, e percebi um nervosismo fora do comum quando tentava desligar sem tirar de dentro da bolsa o "tal" radio.Peguei a bolsa da mão dele num impulso e pra minha surpresa era um aparelho de celular.
Não dá para descrever o que senti naquele momento,acho que enlouqueci momentaneamente,meu mundo desabou, o que eu não queria acreditar estava sendo confirmado naquele momento, ele a princípio até tentou negar dizendo ter achado, mas sua foto estava lá e tudo que acontecia ele sempre me contava,portanto se tivesse achado teria me contado. Não adiantava mais negar,e então ele confessava.
A minha surpresa não parou por ai, percebi que de repente o meu maravilhoso marido, que já a algum tempo não era tão maravilhoso assim,se transformou em um homem frio,olhar endurecido,sorriso irônico,um muro parecia ter erguido ali e nada que eu fazesse ou falasse, fazia encontrar vestígios da pessoa que ele era antes.Tinha acabado de conhecer um outro homem, muito diferente de tudo que era até na noite anterior,então a mentira foi revelada, traição, hipocrisia,desrespeito,crueldade,tortura psicológica,dor,morte...
Além de não mais negar que tinha uma amante,passou a ter um comportamento pior do que tinha antes, comigo e com a nossa filha,sempre com ar de despreso,não atendia mais nossas ligações e achava que tinhamos que atendê-lo sempre, queria saber tudo que eu fazia durante o dia com medo que eu fosse atrás da moça,o que eu nunca fiz e não tive vontade de fazer. Ele não dormia todas a noites em casa, mais eu tinha que deixar o almoço pronto para ele levar,entre tantas outras coisas mais barbáras.Não ia embora de casa e dizia que não sabia o que fazer já que tinha que cuidar de mim mas que o certo era ir e ver o que aconteceria e que a moça era mais importante naquele momento.
Eu amava meu marido, e estava sofrendo demais com tudo que estava acontecendo e acreditei que seria uma chance de reverter toda situação, enquanto ele não se decidia em sair de casa e poderia te-lo de volta,me redobrando de paciência e tolerância,procurando escutá-lo e sendo compreensiva com a crise que estava acontecendo. Até que um dia na hemodiálise chegou uma senhora que precisou amputar as pernas e isso me fez pensar o que ela já teria vivido, se pelo menos teria amado e sido amada ou será que renunciou o amor por causa da familia ou qualquer outra coisa,e se foi válido o que ela viveu.
Por amar meu marido entendi que ele também estava amando outra e que por não estava vivendo por mim o que era de sua vontade viver, e não seria justo eu amando-o tanto obriga-lo a ser infeliz ao meu lado.
Depos de refletir sobre isso,decidi que eu preferia vê-lo feliz com outra ao vê-lo infeliz comigo e fazendo minha filha também infeliz.Conversei com ele e disse que queria que ele fosse embora e que eu estaria sempre aqui,porque meu amor era verdadeiro e não acabaria nunca,mas agora de um jeito diferente,como uma mãe,amiga irmã ou qualquer coisa,menos como mulher,que ele poderia contar comigo sempre em nome de tudo que tinhamos vivido.
De 14 de maio de 1988 até 03 de Agosto de 2008,foi o tempo que durou o amor que eu acreditei ser para sempre.Era um domingo chuvoso, com chuva fina,um dia triste;ajudei ele arrumar as malas,colocar tudo no carro,fiz um almoço especial de despedida com tudo que ele gostava,mais me sentia como se estivesse em um velório,algumas vezes com um leve sorriso no rosto, tentando parecer um pouco conformada para não deixar minha filha triste e também para não haver arrependimento ou para que ele não sentisse dó ou piedade de mim.
Almoçamos, ele se despediu da nossa filha e do namorado dela,por último se despediu de mim, entrou no carro, abriu o portão eletrônico e pela última vez vi o portão se fechar para não abrir nunca mais,o barulho do portão foi algo estrondoso, então chorei...
Chorei não de arrenpendimento mais de certeza que tudo tinha acabado e que essa era a decisão mais importante da minha vida, terminar meu casamento.
Na manhã seguinte me levantei, não queria fazer café da manhã só para mim,mais olhei pelo vidro da cozinha e vi o dia lindo de sol que fazia e pensei,"É meu primeiro dia de solteira.Que dia lindo!Eu mereço tomar um café e fazer deste dia um dia muito especial."
Como de costume ele me ligou no horário que sempre me ligava para dar bom dia,quando estava no trabalho e começou a ladainha "Eu estraguei sua vida,blá,blá,blá..."
Sorridente e com uma sensação de sincera de felicidade eu disse que era nosso primeiro dia de solteiros e que eu desejava que ele fosse muito feliz que o dia estava lindo e era sinal de sorte.
Não sei explicar mas me deu medo que ele quisesse voltar atrás então dei-lhe coragem e mostrei que eu estva muito bem.E estava mesmo!
Assim dei meu primeiro passo,muitas vezes sofrendo calada com muita coisa guardada no coração,mas o deixo fechado para não atrapalhar em todas as mudanças que começaram acontecer desde então.Sou outra mulher não porque eu quis e fiz de tudo pra ser,mas porque descobri quem sou eu na individualidade,e tudo que posso superar.Faço hemodiálise há 11 anos,superei a separação que já se passaram 2 anos.
Tudo que passei tive o apoio de amigos e familiares,o mais importante sem dúvida foi o amor da minha filha por mim que cada vez mais tem se fortalecido.
Hoje meu ex amor mora com a moça e juntos tem uma filha com 8 meses.Precisei ajudar minha filha aceitar a mulher de seu pai e a irmã,para ela foi muito difícil e doloroso,mais hoje morre de amor pela irmãzinha.
E ele nunca mais teve o brilho nos olhos,continua trabalhando muito,a mãe dele ficou muito revoltada e não mais conversa ou procura saber notícias dele, assim está afastado de toda família,mais tenho certeza que no final de sua vida não vai poder lamentar de não ter vivido um grande amor e nem me culpar por tê-lo impedido de ser feliz.
Afinal, todo amor que não foi vivido é sempre o que pensamos ser o maior e verdadeiro amor de nossas vidas e assim dura para sempre nas nossas ilusões românticas,a chance de vivê-lo torna o amor tão real e como qualquer outro sentimento se transforma em rotina, mais o importante é vivenciá-lo sem preocupações de como ou quando termina.


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