Minha esperança grita já quase sem voz, lutando para sobreviver
em meio a tanta desarmonia e tristeza.
O que mais posso fazer quando meditar, esperar, tentar ser
um bom exemplo já não me basta?
Já não posso acreditar que o amor sempre vence, pois tudo o
que vejo são os inocentes oferecendo apenas o que tem de melhor enquanto
recebem em troca o descaso, abandono e a violência.
Tenho pedido sabedoria e amor, porque o que vejo a minha
volta é o conhecimento usado com egoísmo, como também peço tolerância e
compreensão, pois tudo que presencio é a ignorância e suas estupidas
consequências por tantos que no final do dia dormem o sono dos justos, sem
noção do que causou com tais atitudes.
Evito contaminar os companheiros de jornada com
lamentações e ofensas, com a intenção de respeitar o direito do meu
próximo, dando a eles liberdade de ser quem realmente são, mas logo me
decepciono, pois vejo que desconhecendo o significado da palavra respeito e
harmonia, estes mesmo procuram semear o descontentamento regradas com ofensas para assim florescer a desarmonia, levantando a bandeira da perturbação
e da raiva.
Se o respeito não está sendo exercido, o que dizer então da
caridade?
O que vejo são as pessoas oferecendo realmente apenas o que
tem, como por exemplo, roupas usadas, alimentos das dispensas e em alguns casos
doa-se alguns trocados com a intenção de “dar e receber em dobro”.
Lógico que algumas pessoas têm o coração mais preparado para
doar amor e praticam trabalhos voluntários, mas no dia a dia muitos deixam a
desejar quando nem mesmo seus próprios filhos são merecedores de atenção e
disponibilidade para receber a verdadeira educação.
Nestes casos a caridade ao próximo é apenas fachada de bons
samaritanos na tentativa de aumentar sua pontuação com Deus, ou seja, faz para
sustentar as aparências, satisfazendo o ego.
Infelizmente o verbo Ter exerce maior influência e cada vez
mais os bens materiais substitui o verbo Sentir. Talvez seja este o resultado
eficiente das publicidades que vendem seus produtos com a promessa de
acompanhar como brinde a felicidade, dando a falsa crença que ela não precisa
ser conquistada ao ser valorizada com a realidade minuciosa que nos cercam.
Preciso alimentar minha esperança e melhorar minhas
atitudes, mesmo que apenas poucos ouvem minha voz e menos ainda os que me têm
como exemplo.
Não mais me basta compartilhar imagens chocantes para
mostrar minhas indignações, muito menos escrever versos poéticos para
demonstrar meus sentimentos.
Rezar é ótimo, protestar é importante, refletir é essencial,
amar é fundamental, mas ainda sim é pouco se ficarmos presos nesta zona de
conforto.
Vamos olhar para dentro de nossas casas, e depois aos poucos
observar tudo que nos cerca, procurando os nossos erros e combatendo as causas
que estão primeiramente nas nossas responsabilidades.
Posso afirmar que não cabe a nós construir pontes nem tapar buracos e sim educar nosso filhos, tratar com atenção e carinho os nossos semelhantes e os que em nada se assemelham a nós.
Posso afirmar que não cabe a nós construir pontes nem tapar buracos e sim educar nosso filhos, tratar com atenção e carinho os nossos semelhantes e os que em nada se assemelham a nós.
Acho que é dispensável citar detalhadamente os valores que
devemos colocar em prática, basta cada um refletir o que significa lar,
família, educação, respeito, noção de conduta, quebrar velhos conceitos que
seres inferiores e superiores e assim por diante.
Sejamos verdadeiros políticos, religiosos, família,
cidadãos, todos exercendo nossos direitos mais antes exercendo nossos deveres.
E se ninguém me acompanhar nesta mudança de hábito, ainda
assim tentarei compreender que cada um tem um tempo para despertar enquanto
outros preferem passar o tempo dormindo mesmo que mediante a tantos pesadelos.
Mara Mello